sábado, 27 de agosto de 2011

Esmola e Caridade

Esmola e Caridade

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus e proporcionar um teto aos desabrigados.

Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.

Exemplos? Eis alguns:

Seríamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir aqueles que porventura se considerem nossos inimigos.

Seríamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.

Seríamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de carinho e solidariedade.

Seríamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentâneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões irônicas ou zombeteiras.

Seríamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, só sirvam para conspurcar a honra ou abalar a reputação alheia.

Seríamos caridosos se, embora as circunstâncias a tal nos induzissem, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e temerário contra eles, mesmo entre os familiares.

Seríamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, o aconselhassemos a tempo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar a efeito.

Seríamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de T.V. de nosso agrado, visitássemos pessoalmente aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.

Seríamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, a defesa do fraco e do pobre, contra a prepotência do forte e a usura do rico.

Seríamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.

Seríamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé e o entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.

Seríamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos a serem atendidos em primeiro lugar.

Seríamos caridosos se, vendo triunfar aqueles cujos méritos sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.

Seríamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os salpicos de lama que os cobrem e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.

Seríamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, as impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.

Seríamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com a inépcia daqueles que nos cercam ou nos servem.

Seríamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a nossa felicidade, perdoando-lhes de coração.

Seríamos caridosos se reservássemos nosso rigor apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.

E assim, dezenas ou centenas de outras circunstâncias poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.

Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.

Porquê?

É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.

Nós traímos, empregamos a violência, tratamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos intolerantes, alimentamos ódios, praticamos vinganças, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, desencorajamos iniciativas nobres, regozijamo-nos com a impostura, prejudicamos interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no vício e no luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob a inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, tendo em mira o recebimento de recompensas celestiais.

Quão longe estamos de possuir a verdadeira caridade!

Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para praticá-la.

Mister se faz, porém, que a exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos em benefício de nossos semelhantes, porque "a caridade é o cumprimento da Lei."

Calligaris, Rodolfo. Da obra: As Leis Morais. 8 edição. Rio de Janeiro, RJ:FEB. 1998.

* * * Estude Kardec * * *

Reflexão Espírita

PRECE DO SERVIDOR

PRECE DO SERVIDOR

Senhor!
Ensina-nos a trilhar a luminosa estrada do auxílio,
Dá-nos força para destruir a pesada fortaleza de nossos próprios erros;
Coragem, para abrir o caminho da libertação de nós mesmos, e recurso para desobstruir o coração em favor dos nossos semelhantes, entregando-lhes enfim os tesouros de amor que nos confiastes,
Que por onde passemos
A dor se faça menos angustiosa,
A ignorância menos agressiva,
O ódio menos cruel,
A treva menos densa,
O desânimo menos sombrio,
A incompreensão menos destruidora.
Se não possuímos ainda bens positivos com que possamos enriquecer a jornada terrestre, ajuda-nos a diminuir os males que nos rodeiam,
Que em teu nome, distribuamos fraternidade e renovação,
Usando com alegria os dons sublimes e invisíveis do silêncio da compreensão e da renúncia.
Senhor!
Que nos ensinastes sem palavras as supremas lições da simplicidade na manjedoura, e do sacrifício na cruz, Indicando-nos assim o roteiro da construção espiritual e da ressurreição divina, orienta-nos o passo incerto e ampara-nos os propósitos santificantes para que a sua vontade, misericordiosa e justa se faça em nós, por nós e para nós, hoje e sempre, onde estivermos.
Assim seja!

(Bezerra de Menezes/Francisco Cândido Xavier)

Nosso Irmão

Nosso Irmão

Se alguém te fala na rua,
Deitando lamentação,
Não passes despercebido,
Escuta, que é nosso irmão.

Ouviste o parente em casa,
Gritando em voz de trovão,
Não te aborreças por isso,
Tolera, que é nosso irmão.

Transformou-se o companheiro...
Agora, rixa, brigão.
Não te afastes, nem censures,
Suporta, que é nosso irmão.

O amigo a quem mais estimas
Ofendeu-te sem razão...
Não te dês ao derrotismo:
Perdoa, que é nosso irmão.

Padece e chora o vizinho
Problemas em profusão,
Não te demores no auxilio;
Coopera, que é nosso irmão.

Enxergaste o pequenino,
Sem roupa, sem lar, sem pão.
Não permaneças de longe,
Acolhe, que é nosso irmão.

Viste o doente sozinho
No braseiro da aflição;
Não percas tempo em conversa,
Socorre, que é nosso irmão.

Tiveste do adversário
Pedradas de ingratidão...
Calando, segue servindo;
Desculpa, que é nosso irmão.

A quem te peça um favor,
Embora dizendo "não",
Sem grita e sem aspereza,
Atende, que é nosso irmão.

Diante de todo aquele
Que sofre na provação,
O Cristo pede em silêncio:
- "Ampara, que é nosso irmão".

O que é Viagem Astral

O que é Viagem Astral

De vez em quando, recebo mensagens de amigos da Internet me perguntando se é perigoso realizar viagens astrais. Há poucos dias, inclusive, uma pessoa que soube do meu interesse pelo tema, foi curta e grossa - “Já lhe disseram que você pode morrer fazendo viagens astrais, não é?”.

Já, já me disseram sim. Já me disseram todo tipo de coisa a respeito. Que seres das trevas poderiam cortar o meu cordão de prata com uma “tesoura” extra-física; que quando meu corpo estivesse “vazio”, uma outra alma poderia invadi-lo; que poderia sofrer paradas cardíacas, e por aí vai. O que eu tenho a dizer é o seguinte: faço viagens astrais desde que nasci, já que todos nós saímos do corpo quando estamos adormecidos, e que há mais ou menos trinta anos que estudo e pratico viagens astrais conscientes ou semiconscientes. É claro que um dia eu vou morrer, e se morrer dormindo, só posso considerar que foi uma benção de Deus.

Todos os animais têm um corpo físico e um corpo espiritual. Quando dormem, seus corpos espirituais deixam seus casulos físicos e permanecem por algumas horas no plano espiritual. Segundo vários pesquisadores, e também este que lhe fala, isto acontece para que este nosso corpo bioenergético possa captar de forma mais plena as energias que o mantém saudável. Vamos pensar um pouco. Por que dormimos?

Se tudo fosse uma questão de reposição bioquímica, quando nossos corpos estivessem cansados, bastaria uma lauta refeição e estaríamos recarregados.

Mas não é isso que acontece. Todo o nosso corpo relaxa e somos tomados por uma inconsciência que dura algumas horas. Pode ter certeza que se o sono não fosse tão importante, já estaria banido de nossa existência pelo caminho da seleção natural, pois enquanto dormimos, estamos desprotegidos à mercê dos predadores da natureza. Logo, dormir é fundamental. Existe alguma coisa no sono que é insubstituível, e esta é a razão porque dormimos.

Muito bem, todos dormimos à noite, e durante o sono o nosso espírito abandona a nossa “casca” física. Isto acontece com todos nós, do primeiro ao último dia de nossas vidas. A viagem astral nada mais é do que se manter consciente e transferir para o corpo espiritual (corpo astral ou perispírito) a nossa consciência. É o que o pesquisador Waldo Vieira chama de consciência contínua: um estado que, segundo ele, será o futuro de toda humanidade. Ou seja, durante o sono transferimos a consciência para o corpo espiritual, continuando despertos, e ao acordar, retornamos a consciência ao corpo físico. Tudo muito simples, não é?

Espíritos obsessores

E os seres das trevas? Bem, meu amigo, se você sair numa noite escura (digo, sair fisicamente mesmo) e for para um local ermo e desconhecido, estará pedindo para sofrer um assalto. Seres bons e “ruins” existem no plano físico e no plano espiritual. Para você se conservar à distância do chamado baixo-astral, só existe um jeito: procure levar uma vida ética, ecológica; evite os maus pensamentos e os maus sentimentos, afaste-se da ganância, cobiça, ira, vaidade; procure se preocupar com o seu próximo e ser uma pessoa útil à sua sociedade.

Você pode ter certeza de que uma aura pura afasta todos os seres trevosos que possam existir no baixo-astral. Sobre a possibilidade de ter o corpo invadido por outro espírito, isto é um grande engano. Mesmo estando com as nossas consciências afastadas dos nossos corpos físicos, em momento algum perdemos o contato com o mesmo: é o que os místicos chamam de cordão de prata. Qualquer coisa que aconteça com o nosso corpo físico, imediatamente somos tragados de volta para o mesmo.

Tanto pode ser uma presença próxima aos nossos corpos, quanto o vento fazendo barulho na janela. Este é um sistema de segurança do corpo criado pela evolução para a proteção de nossos corpos físicos contra o ataque de predadores. Por isso, fique tranqüilo, seu corpo está bem protegido.

E a possibilidade de morrer, ela existe? Claro! Você pode morrer dormindo, tomando banho, regando o jardim, indo para o trabalho ou executando qualquer tarefa do seu dia a dia. A morte não é privilégio dos viajantes astrais. Muito pelo contrário, a mortalidade durante o sono é de uma freqüência baixíssima. Morre-se muito mais em vigília do que durante o sono.Durma tranquilo!

Escrito por Victor Rebelo e Luiz Zahar

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 21

Sempre o Amor

Sempre o Amor
A palavra amor nos dias de hoje, possui uma vasta aplicação teórica que a vulgariza e a torna desgastada, de difícil caracterização no que toca à sinceridade de quem a usa. Amar significa doar-se. Doar do que tem e, sobretudo, de si mesmo. Aprendeu a amar aquele que freqüentou e foi aprovado na escola da renúncia, da paciência e do perdão. Hoje, os que dizem amar pretendem possuir, impor diretrizes, cercear ideais. Temos o que retemos e retemos aquilo a que franqueamos liberdade. Amar ao próximo constitui tal raridade nos dias atuais, que quando surge alguém mais fraterno, logo é rotulado de puxa-saco, ou colocado entre os que procuram vantagens pessoais pela bajulação. Dias há em que encontramos dificuldade em amar até aos amigos, imaginem aos inimigos, como aconselha o evangelho. O amor doação é conquista rara de raros Espíritos, que renunciam a si próprios e seguem limpando chagas e enxugando lágrimas pelo vale dos aflitos. Quem diz amar e ausenta-se da disciplina, não ama. Quem se diz amoroso e não se faz de enfermeiro, não ama. Ama aquele que, reconhecendo-se frágil, faz-se forte para amparar a enfermidade. É comum ouvirmos jovens, em confidências, dizerem: - Eu te amo! No entanto, não resistem por um mês no teste de convivência.
O exemplo maior dessa virtude é Jesus. Se Kardec foi o bom senso encarnado, Jesus foi o amor encarnado, clarificando com a sua luz gloriosa as nossas trevas espirituais. "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei". Eis a receita para a felicidade neste mundo. Mais de dois mil anos passados e o homem ainda não conseguiu adaptar-se a este mandamento, preferindo o "armai-vos uns aos outros". Quando nos amaremos? Talvez a dor seja a única mestra a saber de tais perspectivas.